Quem nunca ouviu falar
Da tão afamada romaria
Que surgiu no norte da Bahia
Feita pelo Zé Maria
Tal conhecida por
Romaria do Zé Maria.
Zé Maria fez para sua tia
Tia Joaquina que sempre dizia:
- Quem pensa que é essa tal rima
Que tem mania de fazer poema e poesia,
Mas quando pedia uma pra ela, ela sumia
Por isso mandei a carta ao Zé Maria
Porque se eu pego a tal rima, eu espancaria
Pena que eu nunca a via...
Zé Maria foi escrever para tia Joaquina
E num papel metia palavras à regalia
Nem imaginava
Que afamado ficaria
Por conta de sua romaria,
Palavras que a fome mataria
Não fome de comida
Mas fome de enriquecer
Toda uma vidinha,
Que quando recitada
Sorrisos arrancaria
Dos novinhos ate a velharia,
Inclusive tia Joaquina.
Será que tem valia
Tal zorra sem pé nem cabeça
É o que todos dizia.
Depois que terminou o que escrevia
Foi completar a romaria
Com longa caminhada
Até a tia Joaquina
Lá na Paraíba.
No caminho ele via
A falta que o dinheiro fazia,
Barriga cheia de verme
Melhor do que vazia.
Mas quem muito tinha
Com sossego não vivia,
Quem sabe um bandido levaria
A riqueza que possuía,
Pobre, honesto e feliz
Toda a vida seria.
Depois de longa caminhada
Até a Paraíba,
Rezando para cair uma chuvinha
Cheguei à casa de tia Joaquina
Quando dela perguntei
Uma mulher me disse:
-Joaquina pedia
Pra Zé Maria
A levar para o norte da Bahia.
Fiquei quieto e entrei,
Só um caixão que eu via,
Faleceu ainda agorinha
A coitada tia Joaquina
E nem escutou o que escrevia.
E minha romaria
Mais uma fase ganharia,
Voltar para o norte da Bahia
Enterrar tia Joaquina.
Zé Maria
Muito sofria
Até que muito tempo
Chegou ao norte da Bahia,
Enterrou tia Joaquina
E diante do seu tumulo
Apresentou-lhe a tal afamada rima
Feita pelo Zé Maria,
Quem sabe agora compreenderia.
Zé Maria ficou feliz
Por que completou sua romaria
E que hoje quem escuta,
Jamais esqueceria.

(Iori Montenegro)